O BRASÃO DO P.A

O BRASÃO DO P.A
O P.A de Afogados não aceita ficar para trás, nós fazemos a diferença

8 de setembro de 2011

A LINGUAGEM DO AMOR QUE ULTRAPASSOU FRONTEIRAS DESCONHECIDAS!


Um susto que depois virou uma grande realização

Por Tany Souza / Fotos: arquivo pessoal
tany.souza@arcauniversal.com

Uma mãe que nasceu depois de sua filha. Parece antagônico, mas foi isso que aconteceu com Kátia Amorim, quando teve que aprender a lidar com uma dificuldade que nunca imaginaria que passasse: a surdez de sua filha.
Mãe de um menino chamado Rafael, hoje com 19 anos, perdeu o segundo filho por má formação óssea, quando ele estava com 4 anos. Mesmo assim, ela desejava muito ter um segundo filho, já que este seria fruto de um novo casamento.
E, em menos de um ano, ela pôde confirmar: estava grávida e de uma menina, a Ana Beatriz. “Passei uma ótima gravidez e me emocionei muito com o primeiro ultrassom. Ela veio ao mundo para fazer diferença na minha vida”, diz Katia.
O tempo passou e tudo parecia normal com o crescimento e formação de Beatriz. Quando completou 6 meses, Kátia comprou um chocalho e percebeu que ela não quis saber, diferente de outros bebês. “Comecei a prestar atenção e percebi que ela não gostava de nada que fizesse barulho. Fiquei preocupada e a levei no pediatra”, lembra.
E a maratona dos exames começou. Quando os resultados saíram, Kátia ignorou o envelope por um bom tempo, com medo de ter certeza do que ela desconfiava: “Demorei para ir ao médico, mas fui em outro que me explicou tudo, porque para mim, quem era surdo tinha problema mental, mas não é isso.”
A descoberta foi um grande susto para Kátia, que chegou a matricular sua filha na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), pensando que era uma criança especial. Depois de um tempo, levou para uma escola para surdos, quando entendeu como todo o aprendizado seria. “Vi que eles faziam a estimulação na criança ensinando a linguagem de sinais, primeiro com sinais isolados, depois contextualizando o objeto a uma história”, conta.
Em meio a todas estas dificuldades, ela ainda viveu uma separação de 4  meses com o marido. “A escola era longe, eu fiquei com as duas crianças pequenas. Não tinha condições de ir até lá sozinha e ficamos em casa”, lembra ela.
Nesta hora, ela descobriu uma pessoa que se doou por ela e por sua filha. “Uma das professoras da escola me ligou, indicou outro lugar perto de casa, mas, além disso, ela já tinha agendado tudo direitinho para eu ir com minha filha. Ela foi um anjo que apareceu para nos ajudar. Foi aí que eu voltei com o meu marido e todos íamos juntos para lá.”
Mas o problema maior não estava em Beatriz, em como ela entenderia o mundo e se comunicaria. A maior das dificuldades estava com o sentimento da mãe. “Eu não aceitava que tinha uma filha surda, e pensava: se até o passarinho ouve, por que não a minha filha? Passei por momentos muito difíceis, de tristeza e de angústia.”
Kátia já tinha feito algumas aulas de sinais, mas voltou a fazer quando Beatriz entrou na segunda escola. “Eu chorava nas aulas, porque não aceitava aquela situação. Até que um dos professores conversou muito comigo e me fez pensar que isso deveria ser entendido de outra forma e ser superado por mim. E, aos poucos, foi o que aconteceu.”
Nesse momento de consciência e de superação, Kátia começou a enxergar a surdez da filha como uma nova etapa de sua vida. “Com estas aulas, eu conseguia me comunicar com outras pessoas surdas. Então me envolvi no grupo da igreja, ia a congressos, oficinas, acompanhava os surdos em lugares que eles precisavam se comunicar. Eu ganhava experiência e não dinheiro”, ressalta.
Em uma dessas saídas, ela conheceu uma pessoa que abriu seus olhos, dizendo que poderia ganhar dinheiro com isso, mas ela via como uma ajuda e achava absurdo cobrar pelo trabalho.
Eassim Katia ficou durante dois anos, mas sempre ouvindo conselhos de amigos, que a chamavam para trabalhos de intérprete e diziam que era importante fazer parceria com associações, já que na cidade de Cotia, interior de São Paulo, onde mora, não há órgão oficial da língua de sinais. “A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Fenei) fez parceria com a igreja onde eu interpretava, e disponibilizou uma bolsa para eu fazer um curso”, conta Kátia, explicando como começou a se especializar.
As chamadas para interpretação eram frequentes e ela começou a ter uma boa remuneração. Por um tempo, ela tentou trabalhar em uma loja, para ter um salário fixo, mas sua vocação era mais forte: ela recebeu uma ligação da Fenei convidando-a a trabalhar por um salário. “Isso foi muito especial para mim. Foi um segundo início de uma realização minha.”
Katia tinha o sonho de fazer uma faculdade. Para isso, ela entrou em contato com uma universidade se oferecendo para trabalhar em troca de uma bolsa para o curso de pedagogia. E foi o que aconteceu. “Eu tive que dividir o meu tempo entre trabalhar na Fenei, na universidade, estudar e ainda ficar com as crianças. Foi muito sacrificante, mas também foi uma das melhores coisas da minha vida.”
As oportunidades apareceram para Kátia e ela foi aproveitando todas elas. Mas a diferença é que tudo o que viveu está baseado em um acontecimento que se transformou de dificuldade em crescimento, em sonho.
Hoje, Kátia tem três filhos: Rafael (19), Ana Beatriz (12) e Laís (10) que aprendeu a linguagem de sinais, antes mesmo da palavra falada. Está casada e trabalha de manhã e de tarde, estuda pedagogia à noite e quer fazer pós-graduação. “Com mais este curso, eu consigo trabalhar em um único lugar e ganhar o mesmo ou mais, e ainda aproveitar melhor o tempo com minha família”, sonha ela.
A vida de Kátia é um exemplo de que, como ela mesma diz: “Uma coisa que parece ser muito ruim, pode se tornar excelente.” Ela faz questão de mostrar para seus filhos a importância de estudar e que não há como conquistar as coisas sem passar por dificuldades.
Ana Beatriz está em uma escola bilíngue, onde estuda com outros surdos, mas logo passará para outra série, onde terá contato com todos os tipos de pessoas. “Se eu não tivesse estudado e ficado em casa vendo o lado negativo da surdez, eu não poderia ajudar minha filha nas transições da vida dela, como será agora, onde, provavelmente, terá dificuldades para se adequar”, conclui Kátia.
Ela sente orgulho por ter aproveitado todas as oportunidades que surgiram para ela, mas Ana Beatriz deve se orgulhar ainda mais por ter uma mãe que fez de um alto degrau, um caminho que a levou não somente a uma realização pessoal, mas sim a um crescimento que ela nunca pensou que poderia ter.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

JOVENS DA UNIVERSAL

JOVENS DA UNIVERSAL
SE VC QUER SER UM JOVEM DA IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS DEVE SOMENTE PARTICIPAR DAS AULAS DADAS PELO P.A NOS DIA DE SEGUNDA E TERÇA ÀS 19:00 COM TIAS ESPECIALIZADAS PARA ATENDER A CADA UM QUE CHEGAR!!!!♥

A FORÇA DO P.A

A FORÇA DO P.A
IGUAL A ELE É DIFICIL ACHAR